Os Impactos da pandemia de COVID-19 no setor de Turismo
30/06/2020 | Artigo
Um dos setores do mercado mais atingidos pelo impacto causado após a adoção de uma nova realidade ao redor do mundo durante a pandemia da COVID-19, ao lado das indústrias da moda e do entretenimento, foi o setor de turismo. Com o início da “quarentena”, ou distanciamento social, estima-se que o setor, que representa 3,71% do PIB, passe por um ciclo de até 3 anos até a sua recuperação, o que levará a uma perda econômica de até R$ 116,7 bilhões, segundo estudo da FGV.
O impacto em um dos setores mais atingidos pelo isolamento social
No mês de maio, após quase sessenta dias sob o regime de isolamento social em grande parte do mundo, a Avianca, companhia aérea colombiana, declarou falência após a perda 80% de seu faturamento devido à crise sanitária. Essa foi apenas uma das muitas companhias que sentiram seus fluxos atingidos pelas medidas de controle da propagação do vírus. Porém, por outro lado, este é um momento de união entre empresas e público em prol de um bem maior.
Visando isso, a Gol disponibilizou isenção total de tarifa aérea em seus assentos disponíveis para todos os profissionais de saúde envolvidos no combate à COVID-19 a partir do dia 23 de março. Além de realizar ações de arrecadação de donativos, kits de higiene pessoal e mais, para ONGs parceiras, como a Amigos do Bem, que atende famílias do sertão nordestino, através do Instituto Gol, seu braço gestor de inclusão social e desenvolvimento socioeconômico.
Empresas do setor de transporte aéreo se viram com a responsabilidade de flexibilizar seus cancelamentos e reagendamentos de vôos da noite para o dia. Companhias como Latam, Azul, Delta, Tap, e outras, emitiram comunicados em suas redes sociais no início da pandemia avisando que iriam realizar o reembolso ou o reagendamento de viagens afetadas pela pandemia do novo coronavírus. Isso porque, segundo entrevista concedida para a Forbes, o Procon defende que “O consumidor não é obrigado a expor sua saúde a riscos viajando ou indo a eventos onde poderá contrair o coronavírus”. Junto a esse movimento, o Ministério do Turismo lançou a campanha Não cancele, remarque incentivando a postergação de viagens.
Porém, quando falamos em setor de turismo e viagens, não estamos falando apenas das companhias áreas, e sim, de tudo que está envolvido neste setor que é um forte gerador de empregos no país. Entre as atividades que fazem parte do turismo estão hotéis e pousadas, bares e restaurantes, transportes rodoviários, agências de viagens, locadoras de bens e imóveis e atividades recreativas, culturais e desportivas.
As áreas de hotéis e pousadas e transporte rodoviário tiveram uma queda de 90% no mês de abril, quando comparada a sua produção normal, segundo estudos realizado pela FGV junto ao Ministério do Turismo. Já o setor de bares e restaurantes foi o que teve queda menor, 58% no mesmo período, isso porque essa área passou a oferecer serviços de entrega e promoções de compra para consumo futuro.
Tecnologia par viajar sem sair de casa
Com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), nos vimos obrigados a adiar planos de viagens e a estar mais conectados ao digital. Se antes usávamos os meios digitais para acessar notícias sobre o Brasil e o mundo, para nos conectarmos com pessoas queridas e para comprar, hoje usamos os meios digitais para tudo, inclusive para viajarmos.
Iniciativas como os sites EarthCam e World Cams permitem que o público conheça lugares e pontos turísticos de todo o mundo através da tela do celular ou computador. Já para os que gostam de visitar museus famosos durante suas viagens, os museus da Frida Kahlo no México e do Estúdio Ghibli no Japão estão disponíveis através de plataformas multimídia e podem ser visitados através de um simples clique. Outros famosos museus como o Louvre, em Paris e o MET, em Nova York, realizaram iniciativas semelhantes.
A busca pelo reequilíbrio de uma atividade econômica e social
Mesmo após fronteiras e aeroportos serem reabertos e as recomendações de distanciamento social da OMS forem mais brandas, o turismo passará por um longo caminho até conseguir se reequilibrar. Isso porque o Brasil vinha apresentando crescimento na área, que já representava 3% do total de empregos no país.
Já no âmbito internacional, o país teve resultado superior a 6 milhões de chegadas internacionais de turistas nos últimos anos, número bem maior que 4,1 milhões em 2003. Pesquisas de interesse apontam que, mesmo após o fim da pandemia, com a queda de renda da população, a demanda por serviços de turismo não será a mesma, já que os gastos com viagens ainda estarão condicionados a uma maior confiança na segurança sanitária do destino a ser visitado.
As previsões para a retomada da economia nesse setor são promissoras, porém andarão a passos lentos. Espera-se que em um primeiro momento, após o surto do vírus, sejam retomadas as viagens essenciais como as de saúde e visita a parentes. Após esse primeiro momento, o impulso será a retomada de viagens domésticas de lazer e trabalho. Seguido da volta de eventos corporativos e culturais e, por último, a estabilização do turismo com o início da retomada de viagens internacionais. Todo esse ciclo pode levar até 3 anos.
Enquanto isso, cabe às empresas como o gigante Airbnb, que anunciou em março um fundo de 250 milhões de dólares para ajudar financeiramente seus “anfitriões” mais frequentes, ou superhosts, fazerem de tudo para manter uma boa comunicação com seus parceiros e clientes através dos meios digitais. Esse é um momento importante para empresas de todo o setor se posicionarem e estarem com todos os canais abertos, dispostos a manter uma comunicação de mão dupla com seus atuais e futuros clientes.
Autora: Sheila Ferreira