COVID-19: Os impactos no Setor de Indústrias
16/09/2020 | Artigo
Com a propagação da pandemia do novo Covid-19, boa parte do que estava previsto para as Indústrias em 2020, como o crescimento de diversas áreas da moda, turismo, telecomunicação, entre outras, precisou ser repensado.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), estão entre os principais problemas a queda na demanda por produtos, a dificuldade em conseguir insumos e matérias-primas e a redução da oferta de capital de giro no sistema financeiro. Em uma sondagem realizada pela Consulta Empresarial do Portal da Indústria já em março (início da pandemia no Brasil), foi constatado que 92% das indústrias já sentiam impactos negativos. Desse número total, 40% relataram ter sido muito afetadas, 27% medianamente afetadas e 25% pouco afetadas. Ao mesmo tempo que 5% das indústrias não foram afetadas pela pandemia e 3% chegou a relatar impactos positivos durante a crise.
A transformação no dia a dia dentro de gigantes do mercado
Se por um lado a demanda por diversos produtos e serviços caiu consideravelmente durante os primeiros meses de lockdown, a busca por álcool gel e outros itens que, de uma hora para a outra se tornarem indispensáveis no nosso dia a dia, como máscaras de proteção, aumentaram muito e mexeram com a indústria. As compras de álcool gel cresceram tanto, que a Companhia Nacional do Álcool, fabricante de marcas Coperalcool, Zumbi e Da Ilha teve um aumento de 6500% na sua produção no mês de março. Segundo estudo da Ebit | Nielsen, em apenas um dia de março as vendas online do item chegaram a R$ 800 mil.
A partir disso, diversas outras indústrias adequaram seu dia a dia transformando seu foco principal em produzir álcool e EPIs para hospitais, voluntários e comunidades carentes. O Grupo Boticário produziu e doou 1,7 tonelada de álcool gel para o sistema de saúde pública de Curitiba, onde fica localizada a sede do grupo. Já a iGUi Piscinas teve sua fábrica localizada em Cedral, no interior de São Paulo, destinada à fabricação de álcool gel.
Para além dos itens de proteção, que estão sendo fundamentais no controle da pandemia, a Petrobras está usando seu potencial de inovação e estrutura tecnológica para apoiar as pesquisas nesse momento. A companhia desenvolveu uma frente científica em parceria com universidades, empresas e institutos de ciência e tecnologia o que resultou em seus engenheiros trabalhando de forma ativa no desenvolvimento de um protótipo de ventiladores pulmonares, que possuem forte potencial de serem produzidos em larga escala pela indústria nacional. Outro movimento da empresa foi realocar supercomputadores que processavam dados de petróleo para somar ao esforço internacional e nacional de pesquisa em medicamentos e vacinas.
A volta ao “novo normal”
Falamos em um “novo normal” pois sabemos que o mundo nunca mais será o mesmo, mesmo após passada a pandemia do novo coronavírus. Com isso claro, podemos pensar em possíveis cenários para nos adaptarmos. Em relação à indústria e empresas, muito se fala da adequação aos hábitos que foram desenvolvidos pelos consumidores durante a pandemia.
Junto à crise sanitária, passamos também por uma crise econômica e uma forte aceleração de mudanças para as quais não estávamos preparados. No meio disso tudo, pudemos perceber tecnologias que já faziam parte dos nossos dias tomando uma centralidade muito maior. Isso porque estamos vivendo uma realidade cada vez mais digital, se antes já passamos boa parte do tempo conectados, hoje estamos ainda mais imersos nesse mundo. Adaptamos nosso trabalho para o home office, as aulas para o Ensino a distância (EAD), nossas compras para os e-commerces, nossas relações para as calls e lives. E a indústria mais do que nunca deve acompanhar toda essa mudança.
Mas, como a indústria pode se adaptar em meio a uma pandemia? Já existem diversos estudos e ferramentas no mercado que podem e irão auxiliar a indústria durante este momento. Essas soluções conectam máquinas e equipamentos e utilizam a computação na nuvem para ajudar no dia a dia das indústrias. É cada vez mais fácil monitorar a fábrica em tempo real e obter informações sobre máquinas e equipamentos pela internet, por exemplo, e isso permite maior assertividade e rapidez na produção e evita perdas de tempo e insumos.
Segundo estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) com 1000 pessoas durante os primeiros meses do isolamento social, 92% dos entrevistados realizaram compras online, destes, 8% compraram online pela primeira vez. O mesmo estudo mostra que 61% aumentou a frequência de compras durante o período de isolamento. O que demonstra o marco que esse momento está sendo para a adaptação da indústria, desde grandes empresas até pequenas e médias, ao e-commerce.
Um exemplo de transformação digital, foi a Insper, que adaptou em pouco tempo seus cursos, antes presenciais, para a modalidade Live Learning durante o período de distanciamento social, abraçando as necessidades de alunos e docentes sem deixar de entregar um serviço de qualidade.
Muitas serão as mudanças necessárias nos modelos de negócio. Muitas serão as dúvidas sobre o que esperar do “novo normal”, mas uma certeza devemos ter em mente: o digital estará mais presente que nunca em todo o processo adotado pelas empresas, desde uma nova cultura no ambiente de trabalho, até a comunicação interna entre líderes e colaboradores, passando pela implementação de tecnologias que facilitem o desempenho das tarefas diárias e a comunicação com os consumidores.
Autora: Sheila Vargas