Artigo: Impactos do Coronavírus no Setor de Entretenimento

01/09/2020 | Artigo


Quem nunca viu uma live ou um filme em algum canal de streaming durante a quarentena, que atire a primeira pedra. O setor de entretenimento, que foi um dos mais afetados pela pandemia global do novo Coronavírus, levou artistas e produtores audiovisuais a buscar alternativas para manter a roda girando mesmo nos momentos mais críticos da crise.

O resultado disso é que, mais do que nunca, a internet ganhou um espaço gigante nos negócios. Desde março, o YouTube apresentou um crescimento de 123% nas buscas relacionadas ao termo “em casa” no Brasil, em comparação ao período anterior à quarentena. Entre os vídeos mais assistidos, segundo a pesquisa, estão tutoriais para criar novas rotinas e encontrar equilíbrio emocional no isolamento, informações sobre o Coronavírus, aulas de ginástica e receitas básicas.

Streaming e Audiovisual

 

Enquanto o distanciamento social continua sendo a melhor prevenção contra a COVID-19, as empresas ligadas à cultura e tecnologia precisam se reinventar. A Netflix, por exemplo, apresenta crescimento considerável no número de assinaturas mensais desde o início da quarentena, e a tendência é que o número continue aumentando. Por outro lado, em relação às produções de filmes e séries, o gráfico não é tão positivo assim. Gravações de grandes títulos foram interrompidas e muitos ainda não têm data para voltar – o que impacta também a previsão de novos lançamentos, tanto para os canais de streaming quanto para as telas de cinema.

Com o intuito de diminuir o desemprego no setor audiovisual, a Netflix anunciou em março que doaria 100 milhões de dólares para ajudar a comunidade criativa do segmento. Em abril, juntamente com o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB), a plataforma criou um fundo emergencial de R$5 milhões para auxiliar profissionais autônomos que atuam no audiovisual brasileiro e que foram prejudicados pela crise do Coronavírus. Cerca de 5 mil pessoas serão beneficiadas com um salário mínimo, entre produtores, assistentes, figurinistas e maquiadores.

Como uma das maiores impactadas neste ano, a indústria do cinema já começou a sofrer uma série de mudanças e não vai sair da quarentena da mesma forma que entrou. O fechamento das salas de cinema, adiamento ou cancelamento de filmagens de novas produções e até mesmo mudança de regras no Oscar são alguns fatores que ajudam nesta transformação.

Algumas cidades do mundo, inclusive, voltaram com a tradição do cinema drive-in, onde as pessoas assistem aos filmes de dentro do carro em uma estrutura montada ao ar livre.

Música

 

Desde o começo da quarentena no Brasil, milhares de shows foram cancelados ou adiados, sem previsão de data para ocorrer. Foi preciso se reinventar e utilizar a tecnologia a favor da classe artística com apresentações ao vivo em redes sociais e canais no YouTube. Mesmo sem o calor e a energia de um público presencial, artistas do mundo inteiro se uniram em shows virtuais em prol da saúde e do incentivo às pessoas para ficarem em casa neste período. Muitas destas lives foram patrocinadas por grandes empresas, que ganham mais visibilidade neste momento crítico e ajudam as equipes que dependem de grandes eventos para terem uma renda.

Em entrevista a um podcast da Época Negócios, o sócio-líder de tecnologia, mídia e telecomunicações da KPMG, Dustin Pozzetti, afirma que as lives assumiram um papel fundamental na transição do mundo físico para o virtual. De acordo com estudos, as principais barreiras que existiam antes da crise podem se tornar invisíveis e ganhar um alcance ilimitado com as apresentações no mundo da web. Para o empresário, o momento para as marcas e artistas é de enxergar oportunidades de oferta global de conteúdo, com baixo custo de produção e alcance internacional para a descoberta de novos talentos.

O impacto também atinge o mercado literário, com eventos e feiras cancelados e o crescimento na venda de e-books. Além disso, museus e centros culturais também tem tentado se reinventar, com visitas e passeios virtuais. A verdade é que, para o entretenimento como um todo, se a tendência já era a evolução para o digital, a pandemia veio para acelerar o processo. As empresas precisaram entender de uma vez por todas que é o momento de se reinventar e pensar em materiais e conteúdos que tragam resultados positivos além do formato físico.

 

Autora: Renata Crawshaw