Impacto do coronavírus no Setor de Telecom
25/08/2020 | Artigo
A situação do mundo inteiro em distanciamento social por conta da COVID-19 fez muita gente mudar a rotina e se redefinir para conseguir trabalhar em casa. Com isso, o esperado no setor de Telecom era que o consumo de internet aumentasse bastante – mas, na realidade, não foi tanto assim. Segundo uma pesquisa divulgada pela IX.br, projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a maior mudança ocorreu nos hábitos dos usuários e nos horários de utilização da internet em casa.
De acordo com a companhia de infraestrutura de internet Cloudfare, no início da quarentena a Europa registrou aumento de até 20% na demanda de tráfego virtual. No Brasil, a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, pediu oficialmente para que as operadoras do país tivessem a infraestrutura reforçada para garantir uma boa conexão aos usuários durante a pandemia. Além disso, também permeou a liberação de cobrança de franquia do usuário para acessos ao aplicativo oficial do Sistema Único de Saúde, o SUS, com informações sobre o novo coronavírus.
Um estudo da International Data Corporation (IDC), empresa de consultoria e inteligência de mercado, mostra que a crise causada pela pandemia afeta o investimento em T.I. em praticamente todos os setores produtivos. A redução na América Latina pode ultrapassar US$15 bilhões ainda em 2020. Das economias mais afetadas, a Argentina tem queda estimada em 6,5%, México cerca de 6% e Brasil com 5,5% em seu PIB. Grande parte desta baixa é por conta dos impactos nos setores de manufatura afetados pela interrupção de importações asiáticas.
Quando médias e grandes empresas brasileiras foram questionadas sobre como as despesas de Serviços de Telecomunicações serão afetadas pela crise, 35% afirmou que pretende aumentar o orçamento dedicado a este setor em 2020. Porém, 43% das entrevistadas pretende reduzir este número.
Antes da COVID-19, a previsão para o mercado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na América Latina era de crescimento acima de 7% em relação a 2019. Agora, a IDC prevê uma baixa de 4% ou mais.
A tendência de migrar as chamadas de voz para dados no setor de telecomunicações ainda é alta. Com os efeitos da pandemia, a estimativa é de crescimento de mais de 4% na banda larga. Nos dados móveis, o aumento previsto é de 8%. As chamadas de voz, de acordo com a pesquisa, devem diminuir cerca de 8% e nos celulares, quase 19%.
5G: uma tendência no pós-crise
Planejada para chegar no Brasil em 2021, a tecnologia 5G promete um salto no setor de telecomunicações. Ainda em processo de licitação para se instalar no país, a novidade promete chegar a uma velocidade 20 vezes mais rápida e atingir picos de 20 GB por segundo em comparação ao 4G. É uma grande oportunidade para empresas se manterem atualizadas com o novo sistema para o cenário competitivo pós-pandemia.
A expectativa da Ericsson, de acordo com o Canaltech, é de que cerca de 2,8 bilhões de pessoas utilizem as redes 5G pelo mundo inteiro até 2025. Uma das áreas que será revolucionada com os benefícios do 5G é a Indústria 4,0, com tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Computação em Nuvem.
A promessa é de levar a experiência do usuário a outro nível com a qualidade e rapidez nas entregas dos serviços, além de mudar a forma de consumo e relacionamento da sociedade com os setores de T.I. e Telecom.
Expectativa de crescimento e recuperação
A aceleração da digitalização por causa da COVID-19 trouxe um certo otimismo para as operadoras, que se aproximaram dos clientes e aumentaram a eficiência no backoffice. O setor de telecomunicações também promete manter a curva crescente no cenário pós-pandemia. De acordo com analistas que acompanham de perto o mercado, de um modo geral, as companhias registraram baixa nos serviços por conta da crise do coronavírus, mas já podem identificar oportunidades para que estas mesmas empresas consigam crescer digitalmente quando tudo isso passar.
Os serviços e sites que estão registrando aumento de usuários nesta época são as plataformas de trabalho remoto, de notícias, de comércio virtual e de streaming e entretenimento, como Netflix e Amazon Prime.
A recuperação econômica para produtos e serviços de telecomunicações e tecnologia da informação deve chegar primeiro no mercado financeiro ainda no final de 2020, segundo a pesquisa. A partir do ano que vem, os outros setores, como o varejo, devem começar a respirar com mais alívio. Mais adiante está o setor de indústrias, que por causa da crise no setor de fornecimento global deve demorar um pouco mais para se reerguer, seguido do setor público, que precisa recuperar as dívidas causadas pela liberação de recursos no pacote atual que sustenta a economia.
Já a adoção do home office, por exemplo, pode beneficiar serviços relacionados a trabalho remoto, como comunicação unificada, softwares e serviços de armazenamento de nuvem, redes e segurança.