COVID 19: O Impacto do digital no setor da Moda
08/06/2020 | Artigo
A COVID-19 modificou a maneira que consumimos e nos relacionamos com as marcas, principalmente por causa do isolamento social. Nesse momento foi necessário repensar os nossos hábitos e criar novas formas de escolher e selecionar produtos, o que impactou diretamente diversas empresas na hora de vender e criar vínculos com o público.
Já é evidente que o digital assumiu um papel importante no varejo para suprir as demandas de clientes que não podem mais sair de casa. No entanto, essa transição das vendas offline para online aconteceu de forma rápida e trouxe grandes mudanças em setores importantes e singulares, como o da moda.
A moda sempre foi marcada pela experiência e imersão nas peças ao lado das relações humanas, por conta disso a quarentena influenciou na forma que as pessoas enxergam as roupas e as suas necessidades individuais.
Migração forçada para o mundo online
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae no início da pandemia no Brasil, mostra a queda de 74% no faturamento do setor de moda por causa do fechamento do comércio. Por outro lado, a pesquisa do IEMI – Inteligência de Mercado diz que 76% dos brasileiros que comprarem roupas na quarentena vão utilizar a internet, isso dialoga com os dados obtidos pela consultoria McKinsey & Company e pela Business of Fashion que afirma que quase um quarto dos consumidores dos EUA e Europa pretendem comprar roupas através do digital.
O aumento nas compras online com o prolongamento da quarentena pode ser visto nas vendas de roupas casuais e confortáveis no Brasil. Segundo a Criteo em abril as vendas de roupas para dormir aumentaram mais de 126% em comparação com janeiro. Na mesma direção, no Google Trends é possível perceber que a busca por pijamas triplicou no final de maio em relação ao início do ano.
Nesse novo cenário, o digital se tornou o principal canal de vendas das marcas e a Nike foi uma das primeiras empresas a se mobilizar em relação a isso. No final de 2019 a empresa trabalhou com influenciadores digitais e transmissões ao vivo durante o bloqueio da China, o que trouxe o aumento de 36% nas vendas digitais da região até fevereiro.
Mudanças nas estratégias e novidades para aquecer as vendas
A quarentena também modificou a maneira que os produtos são vendidos e trocados. A Amaro criou a coleta domiciliar para quem precisa devolver suas peças. Já a Shoulder, a FARM e a Ellus estão utilizando as suas vendedoras como “consultoras digitais” para aumentar as vendas no e-commerce. As profissionais ajudam os clientes na hora de decidir qual produto escolher, além de dar apoio e construir uma relação mais próxima em meio à pandemia.
Outra grande mudança no setor foi nos calendários das coleções. Grifes internacionais como Saint Laurent modificaram seus lançamentos, pois entendem que nesse momento é essencial se conectar com o público em outro ritmo. Por essa razão, surgiram os desfiles virtuais feitos a partir de lives nas redes sociais, realizados por marcas como a italiana Giorgio Armani e a brasileira À La Garçonne. Há também algumas tendências que estão aparecendo, como os avatares digitais e as tecnologias de realidade aumentada que devem ganhar mais espaço com o passar do anos.
O novo normal na moda é digital
Para o pós-pandemia o consumo consciente e a sustentabilidade na moda são temas que irão fazer parte desse novo normal. A pesquisa da McKinsey mostra também que 15% dos consumidores dos EUA e Europa esperam comprar roupas socialmente sustentáveis, o que comprova que o Coronavírus trouxe discussões importantes acerca da saúde da população e da relação com as compras. Nesse contexto é fundamental que as marcas de moda levem esses conceitos e comportamentos sustentáveis para o seu interior.
Todas essas transformações deixam explícitas as constantes mudanças que fazem parte da moda. Na crise, o digital aparece como melhor opção para o fortalecimento das empresas, porém a humanização dessas marcas e a relação íntima com os seus consumidores são essenciais para o desenvolvimento de um setor que precisa de cada vez mais criatividade.
Autor: Kevin Pacheco, Content Analyst