Como desenvolver uma cultura digital e ágil
30/07/2021 | Artigo
A pandemia acelerou a transformação digital. Segundo estudo feito em maio deste ano pela Economist, 72% dos líderes apontaram soluções em nuvem, inteligência artificial, machine learning e internet das coisas como ferramentas essenciais para este momento.
As organizações estão dedicando mais tempo, esforço e capital para se transformarem digitalmente. Alguns alcançam resultados significativos. Outras, no entanto, veem menos impacto. Essa diferença tem um motivo: a adoção de uma cultura digital e ágil.
Não tem uma receita para a transformação digital, mas um elemento que não pode faltar nesse processo são as pessoas.
A coleta de dados não pode ficar apenas nas mãos de ferramentas digitais. Ela precisa vir com insights e toda uma gestão por trás que apoie os colaboradores e deem autonomia para inovarem e implementarem mudanças na empresa. É um paradoxo: quanto mais o mundo se torna digital, mais as pessoas e o talento se tornam o diferencial para as empresas.
Em um relatório, o Fórum Econômico Mundial deixa claro que a diferença de uma organização com uma cultura digital é que esta usa ferramentas digitais e percepções baseadas em dados para conduzir decisões e centrar-se no cliente enquanto inova e colabora internamente. Isso resulta em ações mais sustentáveis e criação de valor para todas as partes interessadas.
Esse processo tem que acontecer em duas frentes. O primeiro é o do comportamento individual. Ou seja, o líder tem que implementar um modelo que comunique o que espera dos seus colaboradores, desencorajando comportamentos indesejados e resistência de algumas pessoas. Um caminho é adotar um storytelling para compartilhar e tornar claro os valores e como chegou a eles para que as equipes comecem e avancem a jornada sozinhas. Aliás, muitos desses pilares da cultura digital funcionam melhor quando as pessoas têm autonomia para tomar decisões. É responsabilidade do líder criar uma cultura de confiança, que abrace erros, forneça feedbacks e delegue responsabilidades, tornando a gestão mais flexível, ágil e horizontal.
Ao mesmo tempo que implementa essas mudanças mais personalizada e individual, tem que trabalhar em outra frente, que é da empresa. Métricas e incentivos devem ser adotados para identificar as lacunas e recompensar comportamentos desejados. Por exemplo, incluir métricas como horas de aprendizagem e feedback dos membros da equipe. As metas também devem estar alinhadas com a liderança de forma que sejam abertamente discutidas e reformuladas, se necessário.
O relatório do FMI aponta que as empresas que implementaram com sucesso uma cultura digital e ágil investiram em uma comunicação clara de sua visão e propósito por toda a organização, tornando mais fácil saber onde e como chegar ao seu objetivo. Contaram ainda com participação ativa dos líderes nesse processo. Mas principalmente, essas empresas entenderam que as mudanças não podem ser forçadas de uma hora para outra.
A transformação digital, e consequentemente, a cultural, é um processo. Demanda investimentos recorrentes, não só nas novas tecnologias que vão surgindo, mas na sua força de trabalho e suas estruturas internas, para incentivar o upskilling e comportamentos que levarão à sustentabilidade do negócio.