Como a diversidade cognitiva está ligada a inovação
28/06/2021 | Artigo
A diversidade de dados é importante para ter mais acesso aos diferentes comportamentos do cliente ou consumidor. Mas, a inovação só vem se a partir deles, forem gerados insights interessantes que possam ser integrados ao negócio. E a diversidade cognitiva é um elemento-chave nesse processo.
Muito se fala sobre os impactos da diversidade nos negócios. Que não são poucos. Em uma análise global feita pelo Credit Suisse, organizações com pelo menos uma mulher no conselho geraram maior retorno sobre o patrimônio e maior crescimento do lucro líquido do que aquelas que não tinham nenhuma mulher no conselho.
Mas a diversidade não pode ficar restrita a pessoas de diferentes idades, etnias, gênero ou classe.
A diversidade cognitiva é a inclusão de pessoas com diferentes formas de pensar, diferentes pontos de vista e diferentes conjuntos de habilidades em um grupo. É analisar como os indivíduos pensam e se envolvem com situações novas, incertas e complexas.
Segundo a Harvard Business Review, a diversidade cognitiva não necessariamente vem em times que são diversos em termos raciais ou de gênero, por exemplo. Empresas ainda são vítimas de preferirem contratar pessoas que pensam e se expressam de maneira semelhante. Como resultado, geralmente acabam restringindo a inovação.
São dois os maiores impactos: primeiro, reduz a oportunidade de fortalecer a contribuição de pessoas que pensam de forma diferente. Em segundo, deixa de representar a diversidade cognitiva do grupo de funcionários, reduzindo o impacto das iniciativas.
Apesar de parecer contra-intuitivo, há muitas vantagens em considerar a perspectiva de alguém de “fora”. Há diversas pesquisas de psicólogos que mostram que times heterogêneos são mais espertos. Ao trabalhar com pessoas que pensam diferente uma das outras, cada um se desafia a superar suas formas de pensar e aprimorar seu desempenho. No livro The Best Team Wins, os autores Adrian Gostick e Chester Elton identificaram que em grupos onde inexistem contestação e divergências os resultados são menos inovadores e produtivos. Outras pesquisas científicas descobriram que equipes diversas são mais propensas a reexaminar constantemente os fatos e permanecer objetivas, levando a menos erros. Além claro, da inovação: um estudo na Espanha apontou que empresas com mais mulheres eram mais propensas a introduzir inovações radicais em um período de dois anos, do que aquelas que eram menos diversas.
Por ser uma característica não aparente, há muitos desafios para se tornar uma empresa mais diversa cognitivamente. A psicóloga Rakhi Rajani defende menos hierarquia entre os cargos e menos limites disciplinares, por exemplo, como não deixar alguém de marketing dar algum insight sobre uma outra área. As empresas também devem tomar cuidado com o fit cultural, ou seja, a contratação apenas de pessoas que são compatíveis com a cultura da empresa. Não necessariamente isso deve ser deixado de lado, mas é preciso incentivar também aqueles indivíduos que não seguem a opinião do coletivo e apresentam novas abordagens. Outra forma de potencializar a sinergia de múltiplos pontos de vista é incentivar a construção de relacionamentos entre diferentes equipes, departamentos e até mesmo pessoas de outras empresas em áreas semelhantes.
Todas essas mudanças têm que partir das lideranças. Na Visa, por exemplo, o RH fez um mapeamento de perfil de todas as equipes para identificar as diferenças de cada uma. Além de se entenderem melhor, os membros dos times acabam ficando mais confortáveis em se expressar verdadeiramente, já que são compreendidos por seus estilos de pensamento.